quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Palavras, Pequenas Palavras.

"Novamente, mais uma noite sozinha.
A solidão emana do céu negro, e contrastantemente, estrelado.
O que me acompanha é a beleza de flores num vaso, sobre a mesa.
Durarão dois ou três dias a mais, quem sabe...
Estão condenadas, verdadeiramente, a putrefar.
Efemeridade dos dias, que voam.
Entretando, nesse curto período, conseguem exalar o máximo de perfume, desfrutando da elegância das cores, despertando a admiração de quem as vê.
Mas não é presa a essas emoções que quero estar.
De olhos fechados, atravesso todas as barreiras da razão à sua procura.
Como a brisa da madrugada ébria, adentro cada canto, cada bar, beco e viela, numa tentativa fracassada de encontrá - lo.
Quem seria? Quem seria?
Retorno, aturdida como o doce anjo, que almejava ao sol, ao mesmo tempo em que viu a morte iminente.
Reencontro - me em meu quarto, de paredes pálidas e tiranas, onde nem o rubor das rosas consegue resgatar a vida.
Procuro algo que afaste sentimentos opressores, então, foco o olhar em uma simples folha, um pouco amassada, já manchada por tinta preta da caneta que repousa a seu lado.
Escrevendo, transformo meus demônios em palavras reconfortantes.
E como todo grande ato de entrega, inspiro e expiro suavemente, sentindo o ar invadir meus pulmões e abandoná - los.
Então, elas saltam sobre o papel, efusivamente.
E os versos, bárbaros, desbravam toda extensão da superfície leitosa.
Olhos ressacados e tontos revelam uma alma imétrica e insolenemente verborrágica.
Alma que não consegue encontrar, de modo algum, rima para a saudade."


P.S.: Texto de autoria própria, em caso de uso para qualquer fim, credite.

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