quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Estamos com fome de amor.

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão".  Pretensiosamente eu digo que assino embaixo sem dúvida alguma.
Parem para notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas com garotas lindas, com roupas cada vez mais micro e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas.
Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram o sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homens para dançar com elas em bailes, os novíssimos personal - dance, incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil. Alguém duvida?
Estamos com carência é de andar de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão apenas dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos na marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamo - nos máquinas e agora estamos despreparados por não saber como voltar a sentir, só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que eu estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número de comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!" 
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos e envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, para chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar a verdade de cara limpa. Todo mundo quer alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô, gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, pague mico, saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e casa instante que vai embora não volta.
(Estou muito brega!) Aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca nunca mais volte a vê - la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele, e se é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada, o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que não posso me aventurar a dizer pra alguém: "Vamos ter bons ou maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza que vou me arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!

(Arnaldo Jabor)

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