sexta-feira, 31 de agosto de 2012

100 vezes Nelson - Parte III

Nesse momento ficou claro que o problema era o 'nome' do autor. Sua novela seguinte, "Sonho de amor", em 1964, seu nome aparece, mas como uma adaptação de "Tronco de Ipê", de José de Alencar. Sua última novela foi "O desconhecido".
Após ser recusada por muitas atrizes, "Toda nudez será castigada" estréia em 21 de junho de 1965 e é um grande sucesso. Os artistas aplaudidos de pé, os ingressos são disputados. Fica em cartaz por seis meses e depois sai em excussão pelo Brasil. Em três anos a peça parra pelo Rio, São Paulo, Porto Alegre e Salvador, até que é proibida em Natal - RN.
Vai para a TV Globo em 1966. No programa Noite de Gala, apresentava o quadro A cabra vadia, onde fazia entrevistas.
É chamado por Lacerda, onde é informado da criação da editora Nova Fronteira. Lacerda pede - lhe um livro e entrega - lhe um cheque de dois milhões de cruzeiros. Ele escreveu "O casamento". Quando Lacerda leu o livro, atordoou - se. Era um carnaval se incestos e perversões às vésperas de um casamento. O livro publicado pela editora Eldorado vende cerca de 8.000 exemplares nas duas primeiras semanas de Setembro de 1966, ficando empatado com "Dona flor e seus dois maridos", de Jorge Amado. É nessa época que seu irmão Mário Filho falece, o que o impede de fazer a divulgação de seu livro por um tempo. Quando reanimou - se, o livro teve sua venda proibida pelo Ministro da Justiça. A venda só volta a ser liberada em Fevereiro de 1967.
Para o Correio da Manhã escreve as suas "Memórias" que tem suas estréia no dia 18 de fevereiro de 1967 em grande estilo. É um grande êxito.
Álbum de família  que estava interditada desde 1946 só é liberada 21 anos depois, em julho de 1967, quando é encenada e, apesar do carrossel de incestos, é aplaudida de pé.
Em O Globo volta a publicar "À sobra das chuteiras imortais" "As confissões" (já que não podia usar Memórias). A primeira "Confissão" foi publicada em 04 de dezembro de 1967.
Em 1970, aos 57 anos luta para tirar da prisão alguns amigos que acabaram lá por conta do regime ditatorial. Já cansado e sentindo - se sem espaço, por conta das enfermeiras em sua casa que cuidam de sua filha (que no parto sofreu por falta de oxigenação e acabou com paralisia cerebral), resolve separar - se de Lúcia, o que ocorre sem traumas.
Logo em seguida vai morar com Maria Helena, que era 35 anos mais nova que ele.
Em 1972, seu filho Nelsinho é um dos terroristas mais procurados pelas forças armadas. É apanhado no mesmo ano. Anteriormente Nelson consegue a permissão para que ele saia do país com o então presidente, Médici. O rapaz não aceita tal privilégio. Por todo seu prestígio com os militares, o autor sempre foi muito procurado para ajudar pessoas que se viam em apuros com o regime. De 1969 a 1973 ele teve participação na localização, libertação e fuga de diversos prisioneiros acusados de crimes políticos. Após a prisão do filho, começa a batalha para encontrá - lo e mante - lo vivo, pois a tortura estava desenfreada.
Nelson escreve "Anti - Nelson Rodrigues" no fim de 1973. Em 1974, a peça tinha boa aceitação do público. Ao fazer alguns exames, é levado às pressas para São Paulo e faz uma cirurgia por conta de um aneurisma na aorta. Ao todo são duas intervenções, quase morreu. Retornou ao Rio e, apesar de terminantemente proibido pelo médico, voltou a fumar. Em abril de 1977 é internado com uma arritmia ventricular grave e nova insuficiência respiratória. Elza volta para a casa e passam a viver juntos novamente.
Escreveu sua última peça, "A serpente" em meados de 1979, pouco antes de seu filho Nelsinho iniciar uma greve de fome, com a finalidade de tornar a anistia ampla e irrestrita. No dia 23 de agosto, dia de aniversário do autor, Nelsinho é autorizado a deixar a prisão para assistir ao nascimento da filha. No dia 16 de outubro sai a liberdade condicional, mas o filho não pode ver o pai, que se encontrava inconsciente no Hospital pró - cardíaco.
Nelson Rodrigues faleceu na manhã de 21 de dezembro de 1980, um domingo. No fim daquela tarde ele faria treze pontos na loteria esportiva, em uma aposta conjunta com seu irmão Augusto e com os amigos de O Globo. Dois meses depois, Elza cumpre seu pedido, de, ainda em vida, gravar seu nome ao lado do dele na lápide, sob a inscrição: "Unidos para além da vida e da morte. É só"


"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura.
Nunca fui outra coisa.
Nasci menino, hei de morrer menino.
E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica ficcionista.
Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico"


Fontes: 


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