quarta-feira, 22 de agosto de 2012

As formas do amor.

Pra mim as músicas com referências à bissexualidade apareceram efetivamente quando "I kissed a girl", da Katy Perry tornou - se sucesso, mas isso não significa que foi o marco inicial, eu apenas não tinha me dado conta...
Esses dias, em meio a uma calorosa discussão a respeito de verdadeiras pérolas de grandes compositores Brasileiros (isso não foi uma ironia), ele me mostra Flor da idade, de Chico Buarque. Ok, nenhuma surpresa, a não ser o fato da atenção no refrão cantado de forma rápida que não nos deixa perceber que a 'quadrilha' em si é muito mais enrolada do que a escrita por Carlos Drummond de Andrade.
A quadrilha de Carlos é linear, enquanto a de Chico retrata a descoberta da sexualidade pelos jovens e faz com que a sua dança dê voltas e mais voltas, num bailar infinito...
Outra diferença é que o primeiro mostra o desfecho dos personagens, enquanto o outro nada diz a respeito...
Há quem fale que há uma clara menção ao incesto, mas isso eu deixo ao critério do leitor.
Vamos conferir?

A quadrilha
Carlos Drummond de Andrade

"João amava Teresa que amava Raimundo
Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
Que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para um convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou - se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
Que não tinha entrado na história.


Flor da idade
Composição: Chico Buarque
Chico Buarque.

"A gente faz hora, faz fila na vila do meio dia
Pra ver Maria.
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia.
A porta dela não tem tramela,
A janela é sem gelosia.
Nem desconfia...
Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor...
N hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, a família.
A armadilha.
A mesa posta de peixe, deixe um cheirinho da sua filha.
Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha.
Que maravilha.
Ai, o primeiro copo, o primeiro corpo, o primeiro amor.
Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua.
A gente sua.
A roupa suja da cuja se lava no meio da rua.
Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua.
E continua.
Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor...
Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa
Que amava Paulo que amava Juca que ama Dora que amava...
Carlos amava Dora que amava Rita que amava Dito que amava Rita
Que amava dito que amava Rita que amava...
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto
Que amava a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda quadrilha!
Que amava toda quadrilha!"

Quer ouvir? Já sabe, é só clicar!

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