terça-feira, 21 de agosto de 2012

I don't miss you.

Eu sonhava com ele...
De cabelos negros, não tão curtos, o suficiente para serem pretensiosamente desgrenhados.
Sorriso torto acolhedor, profano, misterioso, místico.
Olhos tão profundos quanto os mares gregos, nos quais eu poderia me perder sem medo de afogar.
Pele pálida, translúcida, que arde ao mais sutil toque da luz solar.
De estatura que me permitisse afundar o rosto em seu peito e inalar o aroma de um homem de óculos e orgulho de ter vasto conhecimento literário em grandes nomes como Rimbaud, Baudelaire, Lord Byron, Tolstoi, Nietzsche, Goethe, Wilde aos quais pretendia igualar-se um dia, mas que sabia reconhecer o talento e admirar grandes escritoras, tais quais Clarice, Cecília, Rachel, Virginia, Katherine, Florbela...
Que fizesse do café a sua maior droga.
Amasse gatos, fosse fiel aos cães.
Preferisse uma noite regada à Laranja Mecânica e até aqueles filmes estilo documentário ou com papel social patrocinados pela Petrobrás à festas abarrotadas de gente, com música alta, cheiro de álcool e sexo casual.
Que parasse tudo pela boa música de Chico, Tom ou Vinícius. Que refletisse enquanto a sinfonia embalava seus pensamentos. Neles, com certeza, estaria incluído o seu velho cigarro mental.
Que não dispensasse uma dose de conhaque, AC/DC, Bom Jovi, Aerosmith ou U2.
Poderia odiar física, mas se interessaria sobre a provável descoberta do Bóson de Higgs.
Seria homem de elogios sutis. Seria atencioso com as particularidades.
Aceitaria - me mesmo sendo de um clã inimigo de vampiros no RPG.
E diante de tanta conexão, nós viveríamos uma paixão sem precedentes.
A combustão imediata, segue consumindo tudo que vê pela frente. Queima, assim como nossos corações quando se aproximam.
Seria tanto e nós nunca satisfeitos com o que tínhamos, buscaríamos sempre mais e mais e mais até que tudo se extinguisse.
Acabado, nada mais pra ser devorado pelo nosso ardor.
A paixão sucumbiu à overdose e morreu de inanição.
Arrumaríamos nossas gavetas. Nossas coisas. Nossos corações.
E nada nele causaria os mesmos efeitos de antes. Borboletas não voariam desvairadas em meu estômago.
Era o fim pra ele também.
Ele seria perfeito pra mim em todos os gestos repetitivos. Sempre a mesma ação, sempre concordando, sempre consentindo. Cansaríamos um do outro.
Ele iria embora e eu não sentiria completamente nada, a não ser o aperto no peito comum de despedidas
E o que era tão pra sempre, virou: "Até um dia, quem sabe!".
E quando eu acordei desse devaneio que tive, percebi que o encanto está no que não se pode prever, no inimaginado.
Está na espontaneidade que só tem quem quer estar perto por admirar o que nunca viu em alguém, o que é único e o que traz discordâncias e divergências a serem discutidas.
Então se o cara dos meus sonhos aparecer , hei de sair correndo até a próxima esquina o mais rápido que puder!

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